segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Blergh

Mais uma vez quebrei meu salto ontem, naquela rua bizarra. Depois de tomar 7 garrafas de cerveja e meia garrafa de absinto, lá fui eu, como uma vadia suja que sou, andar por sabe Deus onde. Parei em um beco vomitado e nojento só para me sentir em casa. Minhas noites têm sido assim, sem propósitos, sem escolhas. Apenas um lugar onde eu me sento e choro todas as dores que eu sinto. Vejo-me sem lar, sem família, sem amigos, sem nada.
Como minha meia arrastão, todas as minhas idéias estão furadas e rasgadas. Minha afinada interioridade se rompeu com as drogas estranhas que tive que usar pra esquecer você.
- você é só mais uma vagabunda que eu comi.
Foi isso o que você me disse antes que me fizesse virar esse monte de merda.
Eu sempre soube que nunca fui uma mulher madura, esperta. Sempre fui uma coitadinha que sempre cai em mãos erradas. A sua foi a pior delas. Não sei mais onde enfiar tanta dor, tanta angústia, tanta lágrima.
Passei uma sombra, lápis nos olhos até ficarem negros como tudo dentro de mim. Meu batom que mancha o filtro do meu cigarro nunca poderia faltar. Mal arrumei o cabelo. Nessa noite eu tava com vontade de parecer uma louca. A louca vagabunda que nunca ninguém deu nada. Calças de couro, bolsa vermelha, salto 15 bem fino. Lá vai a puta, gritaram os vizinhos. Vai se foder velha virgem do caralho. Esse é meu único diálogo com a velha estúpida que mora do lado do meu canto.
O fato é que, em cada golada de cerveja, em cada tragada daquela coisa maldita que eu fumo, eu tento te esquecer. Cada vez que soluço de bêbada é uma leve dor que tento tirar ao lembrar de como era quando você ainda estava aqui. Até hoje não posso acreditar. Você não me tratou como eu merecia. Você não me deu um pingo de valor, mas eu sei que antes de você ir embora, se arrependeu. Agora fala aqui uma menina que nunca vai ser uma mulher. Porque eu queria ser a sua mulher, depois de ser a sua menina. Não tive tempo. Agora, em todas as noites, tento mascarar minhas dores com falsos sorrisos e vinhos baratos, pra ver se de algum jeito consigo sorrir à sua ausência. Não consigo. Por que quem eu amo sempre vai embora? Por que se tava dando tudo certo? Deus nunca foi justo comigo. Tirou-me de você da pior maneira que podia. Seu corpo, caído no chão, me assombra os sonhos até hoje. Mas, nunca vou me esquecer quando você disse, antes de partir: Desculpe se estou falando isso atrasado, mas nem eu sabia que era você o meu verdadeiro amor.

Quero entender porque isso aconteceu. Quero entender porque vocÊ se foi tão cedo, tão belo.
Agora em todas as noites eu sento na calçada, sozinha, bebendo na procura de alguma ajuda. Não vai cair do céu, não vai sair de mim. Só sei que dessa vez doeu mais do que eu imaginei.
Você também é o meu verdadeiro amor.