domingo, 15 de novembro de 2009

" Me ensina a não andar com os pés no chão..."

Sozinho. É assim que eu me sinto. Me sinto sozinho. Sozinho como se estivesse jogado no fundo de um baú. Sozinho, como se fosse uma foto de polaróide, apagando pouco a pouco, sendo lembranças, ou nem isso. Às vezes me pego segurando a minha própria mão. Me pego acariciando os meus cabelos, até dormir. Me pego cantando músicas, como se estivesse preparando a mim mesmo para sonhos novos, felizes. Queria viver num sonho. Como eu queria entrar dentro de um dia feliz que eu tive há muito tempo atrás. Entrar nesse dia e permanecer lá até cansar de ser feliz. Depois eu volto pra minha vidinha corrida de sempre. Queria poder olhar bem fundo pra você outra vez. Passar um domingo todo reclamando do calor e tomando sorvete de duas bolas e aquela calda de chocolate.
Exijo tanto do mundo. Exijo tanto da minha alma e de mim, mas nunca tenho forças pra andar até o ponto final. Acho que sou louco quando me pego sonhando acordado com um mundo ideal sabendo que esse mundo só pertence a quem tem um coração de fato. Eu não tenho mais nada. Só uma casca oca e seca. Não pulsa, não vive, não faz circular em mim o sangue quente. Está frio;morto e enterrado.
Eu era. Sempre fui. Mas eu nunca serei. Acho que agora eu sou passado. O presente não me serve, o futuro não existe. A única coisa que posso ter em mãos é o passado. Antes eu tinha você pertinho. Todas as vezes que eu pensava assim, você me dava a esperança outra vez. Mesmo quando você só olhava pra mim, sem falar nada. Mesmo quando você me ligava e não era pra falar comigo. Todas as vezes em que eu te via acordando pra tomar café da tarde, você me dava a esperança outra vez. Você me ajudava a caminhar, você me ajudava a ver as coisas com um olhar mais claro, mais sensível. Agora, onde estão seus olhos? Queria saber para assim encontrar os meus.
Me sinto sozinho. Sozinho como se fosse a última folha a cair de uma árvore no outono. Mal vejo a hora de despencar desse galho gélido e dolorido em que eu estou preso. Essa árvore morta que a vida colocou no meu caminho.
Me sinto sozinho. Sozinho como a primeira flor que desabrocha na primavera. Mas há uma diferença entre a folha seca que espera ansiosa pra despencar. Há uma diferença entre a flor que espera sozinha a primavera acontecer. A folha cai e encontra o seu caminho. As outra flores desabrocham e se encontram em paz. Já eu, não despenco do que me prende. Eu não encontro a minha flor. Agora, eu perdi o meu jardim, as minhas estações, eu perdi a graça, eu perdi você.
Há uma coisa aqui dentro que habita desde o dia em que você se foi. Essa coisa é você. Você me dói demais. E acho que nesse exato momento, o que mais me mantém vivo é a sua vida em mim.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Avesso

Não. Não diga mais nada. Nem que quer, nem que esquece, nem que ama nem que nada.
Feche e penetre o silêncio em meus ouvidos, eternamente.
Deixe-me escutar apenas o som do seu nada alegre e triste.
Seja esse silêncio puro e agradável, que não quebra o ruído calmo e mágico das flores se abrindo, acolhendo as doces saqueadoras de mel .
Se a sua voz estragar o lento som do vento nos galhos do jardim, te desejarei o eterno fim, bem longe. Longe de mim.
Eu quando eu acordar, caso você esteja ao meu lado, não suspire, não respire, não se mova. Não estrague meu momento de sentir meus ossos esticando, meus músculos acordando e os leves raios de sol penetrando no quarto escuro, tomado de sonhos e desejos nunca findados.
Há tempos que você não é mais a coisa mais linda da minha vida.
Faz tempo que não sinto em você a pureza de quando vejo uma fêmea lambendo o seu filhote. Os teus olhos não se tornam mais estrelas brilhantes na face do seu céu. Tornam-se apenas olhos, atrás de vidros.
Quando eu comparava seus cabelos ao toque macio da seda não percebia que seus cabelos são apenas cabelos, fracos e secos, como qualquer cabelo.
Eu te punha em altos andares. Via você como a mais mágica canção composta, o mais lindo poema. Via o seu sorriso como o meu guia. Hoje, vejo o seu sorriso como mais um sorriso amarelado de cigarros e mentiras.
Não pense que te direi adeus, até nunca.
Não pense que guardarei de ti um lindo sonho, uma magia.
Também não pense que te desejarei o mal, a morte.
Seja apensa o seu avesso, para ser algum agrado
Eu só desejo o seu silêncio. Seja só o meu silêncio para que continues sendo o que sempre foi
Um sonho longe, distante, impossível de ser alcançado.
Será melhor assim.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A luz apagou...

Você se foi. Se foi dos meus braços, dos meus olhos, se foi para sempre.
Nunca mais vou poder te abraçar, afofar seu cabelinho loiro e ouvir você cantando desafinado e lindo sempre a mesma música, enquanto faz o melhor feijão de todos.

Como será que eu posso expressar todo o meu amor por você ?
Como eu posso expressar essa dor sem limites, essa dor traiçoeira e maldita que apunhala, que machuca lá no fundo ?
Como eu posso entender ?
Como eu fui perder você ?
E agora, como vai ser ?
Só sei que eu estou decidido a te dedicar todos os meus dias. Tudo o que eu conseguir, tudo o que eu conquistar, todas as minhas alegrias, serão para e por você.
Sinto em meu peito um buraco escuro e frio. Mas ao mesmo tempo sinto em minha alma o calor da sua. Em meu sorriso apagado, surge o seu sorriso contagiante e lindo, seu sorriso que era sempre sincero e marcante. Em meus olhos cheios de lágrimas, seus lindos olhos azuis. Azulzinhos que, como um acordo com seu sorriso, se fechavam e sua gargalhada corria solta pelo mundo. Como eu gostava de te ver sorrindo. E dentro do meu coração fraco, agora palpita o seu coração, forte, enorme, alegre. Dentro dos meus passos sem destino agora habitam os seus passos firmes e fortes. Seus passos decididos, que corriam pelo seu jardim, que corriam pela farmácia e pela padaria e pela vida. Sua mágica e incrível vida.
Como foi difícil te ver dormindo. Te ver deitadinha lá. Que aperto.
Sua mágica e incrível vida terminou. Parte dela. Mas sua vida continua dentro de mim.
Te espero em meus sonhos.

E, como me dói dizer isso só agora, pois a vergonha me impossibilitou de dizer isso, mas sempre me foi fiel e persistente esse sentimento: eu amo você.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Promete

Adivinha. Adivinha se eu não estou me sentindo sozinho! Adivinha. Me sento com as pernas cruzadas e os olhos voltados pro nada pensando em você o tempo todo... Não me deixa mais sozinho, por favor.
Dói. Aqui dentro dói de verdade. Eu não queria que fosse assim. Eu não queria ser tão distante, ser tão difícil. Eu não queria que fosse tão impossível. Tudo tão perto, tão do lado, mas ao mesmo tempo tão lá longe, lá no inferno, lá fora de mim.
Fica comigo. Me abraça forte e não me solta mais. Me segura. Olha pra mim e promete que eu vou ter sempre esses olhos me guiando, essas mãos escrevendo pra mim, esse ombro que me carrega, essa boca que sustenta a minha alma que a qualquer momento pode se quebrar em 20 mil pedaços sem sentido algum. Promete que quando eu te ligar você ainda vai atender e que nada nunca vai mudar. Promete?
Promete pra mim que vai ficar, custe o que custar, me esperando sair de casa, cruzar o portão amarelo e seguir sempre em frente com você. Promete?
Eu tenho medo do que possa acontecer. Tenho medo de perder, medo de ganhar, medo de ficar igual. Tenho medo de que tudo acabe como sempre acabou. Medo que seja mais um rasgo no meu peito, uma das feridas que aparecem sem necessidade, mas que sempre estão lá. Inflamam, pesam, machucam, matam pouco a pouco, dia a dia. Eu tenho medo de acabar sozinho outra vez. Passar mais noites em claro, mais dias sem graças, mais horas sem vida. Eu quero você. Eu quero você agora. Mas tenho medo de não conseguir, de não poder.
Há tantos contigo, aí perto, aí do lado. Tantos que podem te mandar pra longe de mim. São tantos em tantas noites que passam do seu lado. E eu sempre distante. E só de pensar que um desses pode ganhar o seu coração e arrancar de mim, com as mãos, o seu nome que já está grudado aqui dentro, eu fico me sentindo incapaz de ser feliz. Só de pensar que os seus passos podem se desviar dos meus, me sinto sem passo algum.
Fica comigo só um pouquinho. Um pouquinho só. Um segundo. Eu prometo que vou ser feliz assim. Prometo!

Promete?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

calçada.

Esse assunto começou em uma conversa. Parei para pensar e vi. Parei e vi como por aqui anda tudo meio vazio demais. Sem inspiração, sem momentos, sem som. Tudo no escuro, no silêncio. Eu acordei no frio, com o rosto inchado, olhos vermelhos por dentro de tanto me pegar pensando em como as coisas ficam sem graça todas as vezes que eu olho pro mundo e vejo que estou sempre sozinho. É a mesma história de sempre. A mesma história de querer ter e não poder, de ter e se enganar. E no fim, sempre dói.
O inverno é a pior estação. Do outono até o inverno.Mas no inverno é pior. Fico sem o calor que eu sempre preciso, tomando café atrás de café, pensando que é sempre no inverno que eu sinto a sua falta. Porque foi bem no inverno que eu dormi pela primeira vez contigo. A primeira vez que eu sonhei. Eu precisava disso. Precisava da sua proteção, da sua presença. Precisava, preciso, quero. Cansei dessa cama vazia o tempo todo. Cansei da minha alma vazia o tempo todo. Cansei de mentiras, ilusões. Cansar de achar uma coisa e ser outra completamente diferente. Depois, dia após dia, eu me arrependo de ser um babaca idiota que saiu por aí acreditando no que me falaram, pensando sempre que é... É. Essa única letra, a mais dolorida. É. No fim nunca é porra nenhuma. Nunca é, nunca foi e nunca vai ser.
A calçada anda sendo minha fiel companheira. Sentado nela, tentando enxergar alguma estrela, alguma belezinha escondida no céu escuro. Eu vejo uma pontinha brilhante que talvez seja o que chamam de esperança. Uma única pontinha brilhante no céu. Uma única, pequena e brilhante estrela que pode ser a salvação da minha tristeza. Minha companhia. Só tenho medo que o seu brilho já tenha morrido e que o que eu vejo, esteja há anos luz morta.
Minha estrela derradeira espalhada num céu negro, que não seja a última. Que não esteja já morta.
E quanto à calçada, te encontro em breve.
E quanto aos sentimentos, quanto à maldita sensação de ter tão perto mas não ser meu. Em ter seus olhos assim,pertinho, mas não poder olhar dentro deles. Essa sensação de que você está aqui, mas eu não consigo segurar e que cada vez você vai mais longe e mais longe e mais longe. Eu não quero que você morra, não quero que a sua luz se apague. Não quero ver apenas o seu reflexo deixado no meu espelho. Quero que você fique, se você puder me esperar. Quero sentir o seu abraço pelo menos mais uma vez. Você perto. Você em mim.
Uma estrela derradeira de olhos negros... A incerteza batendo outra vez.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

dói.

E então, em um belo dia de sol, ele atravessou a rua e foi embora. O céu estava azul como eu nunca tinha visto antes. O sol parecia sorrir daqueles que procuravam uma sombra. Mas ele entrou no carro, ligou o rádio, arrumou os espelhos e foi embora. Caralho. Eu fiquei da porta vendo ele se distanciar bem lentamente, como se fosse de propósito, como se quisesse trazer mais dor e mais dor e mais dor. E dessa vez eu vi que o tempo lindo lá fora não reflete na tempestade aqui dentro. Enquanto o sol brilha e as pessoa andam pensando em nada na praça, aqui dentro chove. Chove, neva, petrifica cada centímetro inabitado do meu coração sem graça. Ele parece um trapinho. Fica dentro do armário e às vezes eu lembro de tirar, uso um pouco e guardo outra vez. Está com cheiro de mofo, todo verde e furado. De fato parece um trapinho. Meu coração parece um trapinho sujo e amassado. - Alou? Onde você está? Heim? Não consigo te ouvir. Você está ouvindo música? Alou? Alou, cacete! Ele desligou... Volta pra casa, vai? Volta pra casa, por favor! Dormir abraçando o travesseiro me corta a alma por inteiro. Volta pra mim. Volta pra nós. Vamos reviver a sensação gostosa do primeiro beijo. Faz tempo que eu não vejo a beleza da música que antes era linda. Faz tempo que eu não escrevo de amor como antes. Faz tempo que eu não escuto os sons, não sinto a vida. Volta pra mim. Ainda agora mesmo eu fechei meus olhos e senti a sua mão pequena segurando a minha, como naquela noite quente de janeiro em que os seus olhos pareciam pintados à mão e as suas palavras entravam com calma dentro de mim e todos os seus beijos entravam calados e minha pele gritava, meu coração explodia, meus pêlos arrepiavam e tudo em mim entrava em uma ebulição continua. Volta pra casa. Eu sento em frente ao interfone e espero você chegar. Eu olho pela janela do quarto enquanto a lua espera que eu faça algum elogio pra ela, mas ela não tem me chamado a atenção ultimamente. Eu quero gritar. Sair pela rua e gritar como um louco. Quero sair e gritar o quanto eu amo você. Esse grito contido me sufoca. Eu quero gritar que as saudades entram em mim como se fosse ferro quente queimando meu coração. Essa angustia de não saber onde você está, que roupa usou, como foi seu dia. Essa maldita dor. Por isso eu odeio amar. Já cansei de perceber que eu não estou pronto pra isso. Amar dói demais pra mim. Não deveria, mas dói. É lindo, é sublime, é incrível e encantador, mas dói. Não quero sofrer. Não quero mais ficar esperando por você enquanto você não vem. Não quero mais cair de bêbado na rua porque você simplesmente resolveu ir embora naquele tal dia de sol. Eu já pedi tantas vezes. Por favor, volta pra casa. Prometo que eu faço tudo direitinho dessa vez. Prometo levar café na cama e dar bom dia sempre de bom humor. Prometo que não fumo mais no quarto. Eu sei que você tem alergia e prometo que eu não vou mais fazer você ficar espirrando o tempo todo. Eu juro que vou segurar sua mão, olhar bem lá na sua alma e falar com todo o meu coração que você é a coisa mais importante da minha vida e que cada vez que eu vejo você, meu coração bate de volta. Meu trapinho bate de volta. E que todas as vezes que você chegar cansado ou de mau humor, vou ficar quietinho, lendo um livro e esperar a hora de você olhar pra mim, dar um sorriso, me chamar pra deitar contigo e, finalmente, começar a falar e rir mais ainda. Eu prometo que vou regular a água do chuveiro naquela temperatura que você gosta e que não vou mais esquecer alguma roupa molhada do seu lado da cama. Ainda estou aqui, sentado na cama de pernas cruzadas, fumando o ultimo cigarro do maço e secando as vadias lágrimas que eu insisto em derrubar. E quando você chegar, pode entrar sem bater. Boa noite.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

...mas eu gosto quando é você...

Eu odeio quando o telefone toca. Odeio aquela maldita campainha que grita aos meus ouvidos, berra uma melodia dos infernos e acaba com a minha calma e sossego. Sempre toca quando eu estou lendo, quando eu estou deitado, quando eu estou verdadeiramente ocupado ou quando eu estou quase pra entrar no banho. É sempre assim. Eu odeio quando o telefone toca, mas nada me deixa mais feliz quando ele toca e eu sei que é você.
Você pode tirar minha paz e meu sossego, me atrapalhar na hora do banho, tirar minha concentração da leitura (até porque você entra e sai da minha cabeça o tempo todo e eu nunca me concentro totalmente em nada). Ultimamente nada me deixa mais feliz do que quando você me “ atrapalha” nas minhas atividades que são um tanto quanto inúteis perto das suas. Pra falar a verdade, eu sento na cama e leio só pro tempo passar enquanto você não aparece por aí, contando as novidades do dia, falando que está meio cansado, o quanto que andou, o quanto que falou e eu ouço tudo como se estivesse escutando uma ópera, uma bossa. E a sua voz vai entrando, calminha, tirando todos os outros ruídos do lado de fora do mundo que eu crio quando você está no comando da vida real. E eu posso ficar assim por horas, horas, horas sem me irritar, sem querer desligar tudo e ir dormir. Posso ficar dias olhando e ouvindo, indo e vindo junto com você.
Eu odeio quando o telefone toca, mas eu confesso que eu espero sempre ansioso pra que ele toque logo.
Coisas estranhas... Coisas que só você consegue. Coisas que só você tem. Coisas que só você faz.