domingo, 27 de julho de 2008

Para um amigo.

Ontem eu descobri várias coisas ótimas. Descobri a história de uma vida que me pareceu incrível. Não a vida em si,mas a mensagem e os ensinamentos que essa vida deixou quando passou a não ser mais vida. Quando digo que passou a não ser mais vida, me refiro a vida carnal, pois a vida em si ainda anda por aí. Descobri a história de um vinho e pude prová-lo. Foi o melhor que tomei, sim, sem dúvida. Cada gole era uma história nova, cada gole era um pedaço do seu produtor, cada gole era um pedaço de alma novo que entrava em mim. Mas, além de ter descoberto isso, eu descobri e vivi outras coisas importantes nesse dia. Vi por trás de todas as coisas, um amigo. Um amigo que eu sei que já existia, claro. Sempre o foi, mas ontem descobri que, cada vez mais, eu posso chamá-lo de amigo. Vários se foram, se perderam pela estrada, o que é comum, mas esse ficou. Ficou e vai ficar, eu sei. É um amigo de verdade e me presenteou ontem com palavras das quais nunca mais vou me esquecer. Deu-me dois anéis e vários momentos felizes. Cerveja, cigarros, risadas e um abraço. Tudo o que eu preciso pra ficar bem, e isso eu tive de sobra.
Obrigado meu querido, por tudo.
Lembranças à família, à namorada e ao gato.

Ae, arigó, te amo ! =]

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Papo íntimo.

Fui correr na praia de Copacabana hoje, pra ter inspiração. Mentira. Fui ao Fran’s Café tomar um submarino, sozinho. Eu nem moro no Rio de Janeiro. Moro em São Paulo, Pinheiros, em uma ruazinha praticamente deserta, com uma pracinha em frente de casa, em uma casinha amarela que eu acho uma delícia. Sempre morei aqui, a minha vida toda foi nessa casa, nessa rua. Foi aqui que eu dei os meus primeiros passos, falei minhas primeiras palavras e tive as minhas primeiras brigas. Foi aqui que eu chorei, apanhei, dei várias risadinhas, muitas delas pra não chorar mais ainda. Hoje em dia gosto de passar mais tempo na rua, não em casa. Gosto de sair por aí sem ter hora pra voltar e sem saber nem pra onde estou indo. Hoje eu não fiz isso, como eu já disse, fui ao Fran’s Café, sozinho. Eu gosto da minha companhia. Discuto comigo sempre, sempre. Quase sempre eu perco de mim porque eu às vezes não espero minhas próprias reações. Digamos que eu não sei o que tem por trás de mim mesmo. Hoje mesmo eu conversei comigo:
-Cacete, heim ?! Como você apanha do amor. Você não cansa?
-Se eu não canso ? Eu já até desisti. Você convive comigo todos os dias. Será que você ainda não percebeu que eu desisti?
-Você diz isso pros outros, e eles acreditam, mas você não pode mentir pra você.
-É, acho que você tem razão.
( Perdi pra mim... )
-Mas é que às vezes, sei lá, cansa.
-É, eu sei que cansa, nós sentimos as mesmas coisas. Não tem muito o que falar do amor...
-Falar de amor é difícil para uma pessoa que não o conheceu.
-Escuta, você veio aqui pra encher mais ainda o meu saco, porra ?
-Claro, pra isso eu sirvo.
-Ai, se eu pudesse acabar com você...
-É, poder você pode, mas vai acabar consigo mesmo. Não esquece que ninguém nesse mundo te ama mais do que eu, ou te respeita e te compreende. Ninguém além de mim te acompanha e te conforta sempre quando você chora deitado na banheira ouvindo Marisa Monte. São minhas as mãos que te afagam a alma, porque eu sou a sua alma. E é bom que saiba que conversar comigo nos momentos de dor e de solidão é o melhor remédio. E transcrever tudo o que eu te digo é o melhor desabafo.
-É, acho que você tem razão
( perdi pra mim mais uma vez... )
-Agora eu vou ler uns poemas pra você, acender um cigarro e tentar fingir que, para nós dois, o mundo é lindo do jeito que é...

domingo, 6 de julho de 2008

Eu, Rosa.

A Rosa gritou por mim. Uma rosa túrbida e disforme, meio calada demais, berrou meu nome pelas ruas estreitas daquele canto que eu estava, enterrada e sem cor. Assim era minha pobre Rosa, que ainda chorava calada no asfalto gelado do meu coração. Cala a boca, Rosa. Ás vezes eu tenho vontade de gritar. ME DEIXA EM PAZ, mas ela não se toca. Fica lá, se arraigando em mim, se imortalizando e fazendo com que eu sofra com cada pétala que derruba por mim. Por favor, Rosa, me deixa um pouco só. Não me acompanhe dessa vez, eu imploro. Eu quero, só por uma noite, me deitar em paz, sem ouvir você jogando na minha cara a infelicidade da minha própria alma vazia. Não quero mais ouvir essa sua voz franzina e irritante. Você insiste em sair, em se mostrar, em me mostrar frágil e manipulado por você, que não passa de uma metáfora. Você é só a minha própria voz, a voz de todas as minhas tristezas. Eu adorava quando você era calada, quando eu nem sabia quem era Rosa. Cala a boca, Rosa. Infeliz é você, sua desgraçada. Não se esqueça que você faz parte de mim. Em pensar que nasceu na alvorada dos meus dias e agora se esbalda em mim mostrando todos os meus defeitos. Por que fez isso, Rosa, consigo própria? Eu lembro como era feliz, como tudo corria bem. De repente virou-se contra mim, a Rosa que nunca vi ser. Eu não esperava que se tornasse amarga e negra, não mais a rosa Rosa que eu conheci um dia, mas quem sabe a primavera traga de volta todas as tuas cores que se foram por todas as dores que dividiu comigo. Como todo o ser vivo, nasce, cresce e morre, e você já está morrendo, Rosa. Pena que se vai tão amarga e doente, maldita Rosa. Mas assim que renascer, calma e mais descansada, poupe-me de teu veneno natural e me dê um pouco mais do seu buquê. Não quero mais ouvir todas as maldições do teu negro ferrenho em mim. Cala a boca, Rosa, eu já pedi. E não vou deixar de querer que você se torne mais sociável ou mais feliz. Se você quer terminar desse jeito, podre e destruída, azar o seu, mas não me envolva. Eu não quero mais te ouvir nem mais te acreditar. Vai pro inferno, Rosa, e me deixa em paz.

terça-feira, 1 de julho de 2008

poema para um ninguém.

Sou eu que vou estar no seu quarto quando você chegar cansado do trabalho, com uma rosa na mão e um poeminha que eu escrevi no ônibus pensando em você. Sou eu que vou te ajudar nos trabalhos da faculdade e nas mentiras pra não ir trabalhar, mas só se for pra ficar comigo. Eu que vou te ligar todos os dias, pra desejar bom dia, boa noite, pra te lembrar de como eu te amo e pra falar que eu consigo ver o sol agora. Eu que vou ficar com você a qualquer hora, sempre que você precisar. Sou eu que vou ver filmes com você, no seu sofá queimado de cigarro e manchado de sexo. Sou eu que vou te dar tudo o que eu tiver, tudo o que eu puder, minhas entranhas, meus ódios, minha alegria, minhas razões e desculpas. É com você que eu quero cometer as maiores loucuras possíveis. É com você que eu quero trepar sem camisinha e deixar gozar onde quiser. Só você que pode matar todos os meus desejos, tirar minha vergonha, me ver com outros olhos. É só com você que eu quero deitar e acordar. É ao seu lado que eu quero ficar, até deitar e nunca mais levantar. É de você que eu quero lembrar quando ouvir aquela música e assistir aquele filme. É com você que eu quero ver cada segundo passando, cada fio de cabelo caindo. Quero que cada vez que você dê um sorriso meu dia fique mais completo. Quero te amar assim, com todos esses clichês, com todas essas frases prontas, afinal, isso sim é viver feliz.