sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Avesso

Não. Não diga mais nada. Nem que quer, nem que esquece, nem que ama nem que nada.
Feche e penetre o silêncio em meus ouvidos, eternamente.
Deixe-me escutar apenas o som do seu nada alegre e triste.
Seja esse silêncio puro e agradável, que não quebra o ruído calmo e mágico das flores se abrindo, acolhendo as doces saqueadoras de mel .
Se a sua voz estragar o lento som do vento nos galhos do jardim, te desejarei o eterno fim, bem longe. Longe de mim.
Eu quando eu acordar, caso você esteja ao meu lado, não suspire, não respire, não se mova. Não estrague meu momento de sentir meus ossos esticando, meus músculos acordando e os leves raios de sol penetrando no quarto escuro, tomado de sonhos e desejos nunca findados.
Há tempos que você não é mais a coisa mais linda da minha vida.
Faz tempo que não sinto em você a pureza de quando vejo uma fêmea lambendo o seu filhote. Os teus olhos não se tornam mais estrelas brilhantes na face do seu céu. Tornam-se apenas olhos, atrás de vidros.
Quando eu comparava seus cabelos ao toque macio da seda não percebia que seus cabelos são apenas cabelos, fracos e secos, como qualquer cabelo.
Eu te punha em altos andares. Via você como a mais mágica canção composta, o mais lindo poema. Via o seu sorriso como o meu guia. Hoje, vejo o seu sorriso como mais um sorriso amarelado de cigarros e mentiras.
Não pense que te direi adeus, até nunca.
Não pense que guardarei de ti um lindo sonho, uma magia.
Também não pense que te desejarei o mal, a morte.
Seja apensa o seu avesso, para ser algum agrado
Eu só desejo o seu silêncio. Seja só o meu silêncio para que continues sendo o que sempre foi
Um sonho longe, distante, impossível de ser alcançado.
Será melhor assim.