segunda-feira, 1 de junho de 2009

calçada.

Esse assunto começou em uma conversa. Parei para pensar e vi. Parei e vi como por aqui anda tudo meio vazio demais. Sem inspiração, sem momentos, sem som. Tudo no escuro, no silêncio. Eu acordei no frio, com o rosto inchado, olhos vermelhos por dentro de tanto me pegar pensando em como as coisas ficam sem graça todas as vezes que eu olho pro mundo e vejo que estou sempre sozinho. É a mesma história de sempre. A mesma história de querer ter e não poder, de ter e se enganar. E no fim, sempre dói.
O inverno é a pior estação. Do outono até o inverno.Mas no inverno é pior. Fico sem o calor que eu sempre preciso, tomando café atrás de café, pensando que é sempre no inverno que eu sinto a sua falta. Porque foi bem no inverno que eu dormi pela primeira vez contigo. A primeira vez que eu sonhei. Eu precisava disso. Precisava da sua proteção, da sua presença. Precisava, preciso, quero. Cansei dessa cama vazia o tempo todo. Cansei da minha alma vazia o tempo todo. Cansei de mentiras, ilusões. Cansar de achar uma coisa e ser outra completamente diferente. Depois, dia após dia, eu me arrependo de ser um babaca idiota que saiu por aí acreditando no que me falaram, pensando sempre que é... É. Essa única letra, a mais dolorida. É. No fim nunca é porra nenhuma. Nunca é, nunca foi e nunca vai ser.
A calçada anda sendo minha fiel companheira. Sentado nela, tentando enxergar alguma estrela, alguma belezinha escondida no céu escuro. Eu vejo uma pontinha brilhante que talvez seja o que chamam de esperança. Uma única pontinha brilhante no céu. Uma única, pequena e brilhante estrela que pode ser a salvação da minha tristeza. Minha companhia. Só tenho medo que o seu brilho já tenha morrido e que o que eu vejo, esteja há anos luz morta.
Minha estrela derradeira espalhada num céu negro, que não seja a última. Que não esteja já morta.
E quanto à calçada, te encontro em breve.
E quanto aos sentimentos, quanto à maldita sensação de ter tão perto mas não ser meu. Em ter seus olhos assim,pertinho, mas não poder olhar dentro deles. Essa sensação de que você está aqui, mas eu não consigo segurar e que cada vez você vai mais longe e mais longe e mais longe. Eu não quero que você morra, não quero que a sua luz se apague. Não quero ver apenas o seu reflexo deixado no meu espelho. Quero que você fique, se você puder me esperar. Quero sentir o seu abraço pelo menos mais uma vez. Você perto. Você em mim.
Uma estrela derradeira de olhos negros... A incerteza batendo outra vez.

2 comentários:

Diego Morales disse...

Soneka...

Como sempre, o jeito que você divide conosco alguns trechos de sua vida, são escritos em tamanha profundidade que chega a nos encantar.
Se bem bem que sou suspeito para dizer, você sempre me encantou como um amigo, e fez dos sábados de benedito tão divertidos que acho que sou suspeito para falar.
Queria eu, na posição de escritor amador também, ter essa coragem e sinceradade de falar sobre mim mesmo, ao invés de criar inúmeros personagens e dar-lhes a triste responsabilidade de serem um pouquinho do que eu sou...
Parabéns pelo MELHOR blog-monólogo que eu já lí.

Continue assim.
Um beijo no coração,
seu amigo,

Diego Morales

Adriana Toti disse...

Você consegue sentir o que eu sinto? Porque vocÊ tira as palavras da minha boca