segunda-feira, 14 de julho de 2008

Papo íntimo.

Fui correr na praia de Copacabana hoje, pra ter inspiração. Mentira. Fui ao Fran’s Café tomar um submarino, sozinho. Eu nem moro no Rio de Janeiro. Moro em São Paulo, Pinheiros, em uma ruazinha praticamente deserta, com uma pracinha em frente de casa, em uma casinha amarela que eu acho uma delícia. Sempre morei aqui, a minha vida toda foi nessa casa, nessa rua. Foi aqui que eu dei os meus primeiros passos, falei minhas primeiras palavras e tive as minhas primeiras brigas. Foi aqui que eu chorei, apanhei, dei várias risadinhas, muitas delas pra não chorar mais ainda. Hoje em dia gosto de passar mais tempo na rua, não em casa. Gosto de sair por aí sem ter hora pra voltar e sem saber nem pra onde estou indo. Hoje eu não fiz isso, como eu já disse, fui ao Fran’s Café, sozinho. Eu gosto da minha companhia. Discuto comigo sempre, sempre. Quase sempre eu perco de mim porque eu às vezes não espero minhas próprias reações. Digamos que eu não sei o que tem por trás de mim mesmo. Hoje mesmo eu conversei comigo:
-Cacete, heim ?! Como você apanha do amor. Você não cansa?
-Se eu não canso ? Eu já até desisti. Você convive comigo todos os dias. Será que você ainda não percebeu que eu desisti?
-Você diz isso pros outros, e eles acreditam, mas você não pode mentir pra você.
-É, acho que você tem razão.
( Perdi pra mim... )
-Mas é que às vezes, sei lá, cansa.
-É, eu sei que cansa, nós sentimos as mesmas coisas. Não tem muito o que falar do amor...
-Falar de amor é difícil para uma pessoa que não o conheceu.
-Escuta, você veio aqui pra encher mais ainda o meu saco, porra ?
-Claro, pra isso eu sirvo.
-Ai, se eu pudesse acabar com você...
-É, poder você pode, mas vai acabar consigo mesmo. Não esquece que ninguém nesse mundo te ama mais do que eu, ou te respeita e te compreende. Ninguém além de mim te acompanha e te conforta sempre quando você chora deitado na banheira ouvindo Marisa Monte. São minhas as mãos que te afagam a alma, porque eu sou a sua alma. E é bom que saiba que conversar comigo nos momentos de dor e de solidão é o melhor remédio. E transcrever tudo o que eu te digo é o melhor desabafo.
-É, acho que você tem razão
( perdi pra mim mais uma vez... )
-Agora eu vou ler uns poemas pra você, acender um cigarro e tentar fingir que, para nós dois, o mundo é lindo do jeito que é...

4 comentários:

Anônimo disse...

Assim, eu achei muito profundo o texto. Na verdade eu gostei muito!
Você tem o "dom" amor.

Sempre vou passar por aqui agora!

Anônimo disse...

Vi sério, não consigo descrever os seus textos, eles são tão completos e confusos... perfeitos!
Te amo demais!

Anônimo disse...

Príncipe da floresta e dos canyons: Discuta comigo sozinho no frans, se esse for um comportamento do teu apreço!

um brinde a auto-psicanálise!


(tim tim)

Anônimo disse...

eu sempre estive com vc, mesmo quando vc perdia de vc mesmo. porque mesmo nessas horas vc(s) ainda me levantavam dos tombos que eu mesma provocava.